Evangelho:
Originalmente a palavra evangelho denota “recompensa a aquele que trazia as boas novas”; Posteriormente no grego mais antigo à palavra veio a significar “sacrifício oferecido por causa das boas novas” mais tarde a palavra recompensa caiu em desuso e a palavra passou a significar as “próprias boas novas”.
No antigo Testamento há dois, usos a palavra poderia significar “novas” ou “boas novas de vitórias”. No culto imperial a palavra era usada para designar as “proclamações de boas novas que davam vida e salvação ao povo”. Já no Novo Testamento a palavra denota “as boas novas do reino e da salvação por meio de Cristo, a serem recebidas pela fé”.
Esta palavra nunca foi usada como titulo dos livros pelos escritores estes nomes foram lhe dados posteriormente.
EVANGELHOS SINÓTICOS
INTRODUÇÃO
Como já vimos até o século XVII, a Bíblia era inquestionável, ela era considerada absolutamente como palavra ditada por Deus. Esta compreensão havia sido tema de inevitáveis e incontáveis polêmicas interpretativas.
A partir de 1776, começou a ser despertada uma crítica do texto bíblico, motivada pelos problemas levantados pelos filósofos racionalistas. O racionalismo já estava influenciado pelo iluminismo, defendendo a auto-suficiência do homem e começou por negar no Evangelho tudo que era transcendental, restando assim pouca coisa. Esta crítica causou grande constrangimento no meio do cristianismo.
O racionalismo queria demonstrar seu ponto de vista através da crítica textual. O trabalho deles despertou os católicos para fazerem o mesmo, mas enfatizando o outro lado, ou seja, a defesa da fé. E concluíram que a mesma critica literária tinha possibilidades de ajudar a entender melhor o Evangelho.
Contribuíram para isto os progressos das novas ciências da psicologia e da arqueologia. Então surgiu o método critico-histórico, que começou a ser usado no sentido positivo pelos teólogos cristãos.
Foi então que no século XVIII foi descoberto o assim chamado problema sinótico. O problema sinótico se funda na constatação de que os três primeiros Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) têm muitos aspectos em comum; por outro lado, têm também muitas diferenças. As semelhanças chegam a ser desde palavras a textos inteiros.
O problema sinótico apresenta-se da seguinte forma:
a) dos 661 versículos do Evangelho de Marcos, 600 estão também no de Mateus, e 350 estão no de Lucas.
b) os evangelhos de Mateus e Lucas têm 240 versículos em comum, e que não constam no Evangelho de Marcos.
c) Mateus como Lucas tem versículos próprios a cada um.
Como exemplos destas semelhanças, podemos citar uma passagem em que Marcos descreve assim: "caindo à tarde, quando o sol descia..."; no Evangelho de Mateus está apenas a primeira parte; no de Lucas está à segunda. Há diversas outras passagens assim, como no episódio do marido que morreu sem deixar descendência. Descoberto o problema, procurou-se interpretar e responder perguntas como:
Como os evangelhos foram escritos?
Como os evangelistas obtiveram as suas informações?
Será que cada escritor teve seu ponto de vista?
Porque quatro evangelhos?
Sinótico: “Visto de um ponto comum”, “ver em conjunto”
Podemos notar semelhanças entre os evangelhos quanto à estrutura, Conteúdo e Enfoque, a saber, Mt, Mc e Lc estes por sua vez são chamados de evangelhos sinóticos.
A EVOLUÇÃO DOS EVANGELHOS SINÓTICOS
O evangelho de Lucas é um dos escritos que nos ajuda a compreender como os evangelhos foram formados Lc 1.1-4 nos fornece três etapas de formação dos evangelhos.
Testemunhas oculares e ministros da palavra;
Transmissão da verdade acerca de Jesus;
Outros escritos.
Etapa das Tradições Orais
Critica da forma: Um método de pesquisa que surgiu em 1919 como uma tentativa de recuperar as unidades de tradição oral que circulavam antes dos evangelhos serem escritos
A primeira etapa de formação dos evangelhos foi à etapa de transmissão oral, uma vez que os primeiros escritos foram produzidos aproximadamente 20 anos após a morte de Cristo. Neste período todo o evangelho, as boas notícias do reino eram transmitidas de forma verbal.
O fato dos evangelhos não serem produzidos logo após a morte de Jesus trouxe ainda mais suspeitas em relação à veracidade dos escritos do Novo Testamento, uma vez que a tradição oral já mostrou ser algo falível no Velho Testamento no episódio de Josias quando o livro da lei foi encontrado no templo e a lei era ensinada de forma oral; Já no caso deste período de tradição oral no Novo Testamento difere muito do Velho testamento fato de estarem vivos e presentes no seio da Igreja as testemunhas oculares dos fatos a respeito de Jesus Cristo.
Podemos pensar em pelo menos três motivos que levou a Igreja a não se preocupar tanto com a escrita destes livros com o mesmo intuito do Velho Testamento.
Mentalidade Escatologia – para a Igreja e na pregação dos apóstolos Jesus viria naquela geração.
Urgência da pregação – o Evangelho era pra ser anunciado em todas as nações, para que o reino viesse;
Ministros da palavra – E as testemunhas oculares estavam ainda no seio da Igreja.
Etapa das Fontes Escritas
Critica das Fontes: Método de pesquisa que se dedica a investigação da etapa escrita na produção dos evangelhos.
Etapa das Fontes Escritas procura responder como foi escrito os evangelhos, se houve fontes, em qual eles pesquisaram? Quais são estas fontes?
Paralelos Sinóticos
O Evangelho de Mateus omite o “eu ti digo” e também a parte dos amigos do paralítico. Neste exemplo vemos que os três escritores na produção de seus livros seguem a mesma ordem, no entanto cada escritor omite informações encontradas no outro, cada um apresenta relatos que o outro não apresenta e alguns eventos que são encontrados de forma diferentes nos evangelhos.
Diante destas semelhanças e diferenças surge com o intuito de respondê-las diversas teorias de como os evangelhos foram formados. Nesta busca por responder o problema sinótico foram sugeridas quatro possíveis fontes que foram utilizadas para a formação dos evangelhos.
Fonte marcana – Argumenta se que o livro de Marcos foi utilizado como fonte para a escrita de Mateus e Lucas uma vez que boa parte do conteúdo do livro de Marcos se encontra nos dois outros evangelhos.
Fonte “L” – A fonte “L”embora sua aceitação não seja unânime são segundo estudiosos algumas informações que somente Lucas teve, pois estas informações não se encontram no livro de Mateus e nem de Marcos.
Fonte “M” – A fonte “M” assim como a fonte “L” são informações encontradas somente no livro de Mateus dando a idéia de que Mateus assim como Lucas teve uma fonte de consulta peculiar.
Fonte “Q” (quelle) – A provável existência desta fonte se deve ao fato de comparação entre os evangelhos de Mateus e Lucas que possuem de 250 a 300 versículos comuns e que não são encontrados no livro de Marcos; esta provável fonte é composta essencialmente de ensinamentos de Jesus por meio de parábolas. A existência desta fonte é a melhor explicação encontrada pelos eruditos para a semelhança entre Mateus e Lucas.
Principais teorias
Teoria dos quatro documentos
Teoria dos dois documentos – esta tem maior aceitação entre os estudiosos, devido à comprovação das fontes.
Comprovação de Marcos como fonte.
O Livro de Marcos é considerado uma das fontes dos outros dois evangelhos sinóticos por algumas características.
1. Primeiro livro escrito
Por muito tempo Mateus foi considerado o primeiro evangelho a ser escrito, esta aceitação de deve ao fato de Mateus ser apostolo ao contrário de Lucas e Marcos, mas com a provável interdependência dos evangelhos os estudiosos do assunto admitem e defendem marcos como o primeiro evangelho a ser escrito.
2. Brevidade de Marcos
Marcos possui 11.025 palavras, já Mateus 18.292 e Lucas 19.376;
Mais de 97% das palavras de Marcos encontram paralelo em Mateus e 88% em Lucas;
Obs. Qual o motivo da escrita do livro de Marcos se Mateus já estivesse sido escrito, uma vez que quase todo o livro de Marcos esta dentro do livro de Mateus.
3. Correspondência de palavras entre os evangelhos
Mateus e Marcos freqüentemente concordam entre si, como também marcos e Lucas uma vez que o mesmo não acontece com Mateus e Lucas;
Este fato explica o livro de Marcos como mediador entre os dois;
4. Estilo canhestro (desajeitado) e primitivo do livro de Marcos
O livro de Marcos possui mais irregularidades e construções deselegantes do que Mateus e Lucas;
Marcos preserva mais expressões aramaicas do que Mateus e Lucas;
Obs. A tendência e uma evolução nos escritos posteriores
4. A teologia primitiva de Marcos
Segundo estudiosos em Marcos existem mais declarações teológicas difíceis que em Mateus e Lucas, exemplo o texto de Mc 6.5 “Jesus não pode fazer ali nenhum milagre” já em Mateus 13.58 diz que “Jesus não fez ali muitos milagres”;
Comprovação de “Q” como fontes.
Existem aproximadamente 250 versículos comuns em Mateus e Lucas que não se encontram no Livro de Marcos, sendo assim podemos sugerir que existia uma fonte adicional alem de Marcos;
Existe uma semelhança do material não-marcano comum em Mateus e Lucas;
Existem “parelhos” que são histórias repetidas no mesmo evangelho, elega-se que o escritor ora esta seguindo a Fonte marcos ora a fonte “Q” (Lc 8.17 e 12.2);
Nenhum comentário:
Postar um comentário